Um homem morreu e foi ao plano espiritual. Lá chegando, foi recebido por um anjo de luz. O recém-chegado perguntou:
- O que houve comigo?
- Você passou pelo limiar da vida e da morte, pela transição, – disse o anjo – Em outras palavras, você morreu…
- Mas espere um momento… – perguntou o recém-falecido – Eu não fiz quase nada do que eu queria fazer na vida. Como eu já morri?
- Você deveria ter feito tudo enquanto estava vivo. Agora não dá mais tempo. – disse o anjo.
- Mas eu sinto como se não tivesse vivido nada. Eu morri com 45 anos, era muito novo ainda para morrer.
O anjo de luz respondeu:
- Você podia ter aproveitado mais a vida, o momento presente. Mas você estava sempre envolvido por inúmeras preocupações. Preocupava-se com filhos, trabalho, dinheiro, segurança, mulher, traição, fofocas, dívidas, diversão, cursos, etc, etc. Estava sempre ocupado com o passado e com o futuro. Ocupava-se antecipadamente com tudo o que aconteceu e com o que poderia acontecer, mas esqueceu do essencial: viver o momento presente e apenas ser o que se é.
O homem viu diante dos seus olhos um panorama total de sua vida, com uma revisão de todas as suas experiências terrenas. Ele percebeu que, ao longo de quase 45 anos de vida, ele viveu apenas preocupações. Apenas nos seus primeiros anos de vida, até os 7 ou 8 anos, ele viveu mais plenamente. De fato, estava sempre retido no passado, ou projetando-se para o futuro; estava sempre vivendo uma memória do passado, ou uma expectativa de futuro; estava sempre vivendo pré-ocupações, ou seja, ocupando-se com algo que já aconteceu ou que poderia ocorrer; estava sempre se cobrando, ou cobrando os outros; estava sempre evitando os erros e buscando a todo custo acertar; estava sempre tentando projetar uma imagem positiva ao outro, ao invés de apenas ser o que ele é. Então sua vida foi passando, passando… e ele deixou cada momento escorrer de suas mãos, esvair-se completamente num mar de preocupações. Agora que sua vida tinha acabado, ele percebeu que as preocupações o impediram de viver. Sentiu como é horrível a sensação de tempo perdido…
“Meu Deus”, pensou o homem, “É tudo tão simples… Ao invés de ficar se preparando para viver, bastava simplesmente eu ter vivido…”
Autor: Hugo Lapa
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