domingo, 1 de dezembro de 2013

Obrigado, Senhor!


Muito obrigado, Senhor,
Pelo que me deste, em forma de amor,
Muito obrigado pelo que me dás,
Pelo ar, pelo pão, pela paz.
Muito obrigado, Senhor, pelos meus olhos,
Que vêem o céu, a terra e o mar,
Que acompanham a ave ligeira,
Que corre fagueira, pelo céu de anil
Que se detém na terra verde,
Salpicada de flores,
Em tonalidades mil.
Obrigado, Senhor,
Porque eu posso ver o meu amor,
Diante da minha visão.
Eu me detenho a fitar na imensidão
Os que choram na escuridão.
Oro por eles, cegos que estão,
Na certeza que na outra vida,
Depois desta vida,
Eles também enxergarão.
Muito obrigado, Senhor,
Pelos ouvidos meus,
Ouvidos que ouvem o tempo,
O pingar da chuva no telheiro,
A melodia do vento,
Dos ramos no salgueiro.
As lágrimas que vertem
Dos olhos do mundo inteiro;
Ouvidos que ouvem,
A melodia do povo,
Que desce o morro.
Da praça a cantar,
E a voz dos imortais,
Que se ouve uma vez,
E ninguém olvida nunca mais.
Pela minha felicidade de ouvir,
Deixa-me pelos surdos pedir,
Eu sei que depois desta prova
Na vida nova,
Eles também poderão ouvir.
Muito obrigado, Senhor,
Pela minha voz,
Mas também pela Sua voz.
Pela voz que ama.
Pela voz que ajuda e declama.
Pela voz que ensina,
Que alfabetiza, que ilumina.
Pela voz que canta uma canção,
Diante da minha melodia
Eu ouço na treva,
Os que choram uma fatia
Não cantam de noite,
Nem falam de dia.
Torno por eles a orar,
Porque eu tenho certeza,
Que depois desta provação,
Na outra vida poderão cantar.
Muito obrigado, Senhor,
Pelas minhas mãos,
Mãos que aram,
Mãos que trabalham,
Mãos que malham,
Mãos que agasalham.
Mãos de amor,
Mãos de ternura,
Mãos que libertam de amarguras,
Mãos de caridade,
De solidariedade,
Mãos do adeus
Que escrevem poemas de carinho,
Que trabalham a pedra e fazem estatuas
Que pintam beleza,
Copiando a natureza.
Mãos que assinam decretos,
Que fazem leis de justiça,
Que escrevem livros de libertação.
Mãos!
Que estreitam mãos,
Que limpam feridas,
Que ajudam as mães,
Que libertam vidas,
Mãos!
Que no seio agasalham,
O filho de um corpo alheio,
Sem receio.
E pelos pés, sei me levantar,
Sem reclamar,
Obrigado Senhor,
Porque eu posso andar.
Diante do meu corpo perfeito,
Eu me ponho a louvar.
Porque, respondo eu na terra,
Os que são infelizes,
Aleijados, marcados,
Amputados, deformados, desolados;
E eu me posso movimentar.
Tem deles compaixão, eu sei,
Que depois dessa expiação,
Eles também bailarão.
Muito obrigado Senhor,
Pelo meu lar,
É tão maravilhoso Senhor, ter um lar,
Ter em casa alguém a nos amar.
Pode ser uma mansão,
Uma tapera,
Uma favela,
Um bangalô
Uma casa de amor.
Um ninho,
Uma casa no caminho,
Ou seja lá o que for,
Mas que haja amor.
Amor de mãe,
Amor de pai,
De esposa, de marido e de irmão,
Alguém que nos dê a mão.
A presença de um amigo,
O olhar de um cão,
Dói tanto a solidão.
Mas se eu não tiver ninguém para me amar,
Nem um teto par me agasalhar,
Uma cama para deitar,
Uma casa para morar.
Se eu nada tiver,
Nem aí me desesperarei,
Pelo contrário, bem direi,
Levantar-me-ei,
E então cantarei.
Obrigado, Senhor,
Porque creio em Ti,
Muito obrigado porque nasci,
Pelo Teu amor,
Obrigado Senhor,
Muito obrigado, Senhor!
Obrigado, Senhor! 

 Mensagem proferida por Divaldo Pereira Franc

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